Conversa Sábado à Noite – 3/11/1984 – Sábado [AC VII - 11/84.2] . 9 de 9

Conversa Sábado à Noite — 3/11/1984 — Sábado [AC VII - 11/84.2]

Em pleno Estrondo da Venezuela, nosso Pai e Senhor faz suas orações percorrendo de automóvel as ruas poluídas de São Paulo, e carregando uma enorme apreensão de poder não estar nas vias da Providência… * A insistência do Sr. Dr. Plinio na devoção a São Pedro Armengol — O santo para os dias atuais * Os sofrimentos de nosso Fundador durante o Estrondo do Rio Grande do Sul em 1975… — Após o Estrondo, carregando as limitações impostas pelas seqüelas do Desastre, uma paz de alma a la São Pedro Armengol * “A calma seria uma coisa irracional se não se chamasse confiança” * Relíquias que o nosso Fundador leva consigo para confirmar a sua confiança no cumprimento da vocação: Estéfano Belezzine, Sóror Mariana de Jesus Torres e um “tercinho” * A desproporção dos filhos do Sr. Dr. Plinio em relação à vocação a que foram chamados * A espera do Sr. Dr. Plinio para ver como a Revolução agirá a propósito do Estrondo da Venezuela e, a partir daí, elaborar o seu contra-ataque * O grupo da Venezuela pode se beneficiar enormemente do Estrondo para aumentar o amor à vocação * Nem sempre as perseguições aumentam o amor, às vezes dá-se o contrário — Em meio às perseguições, a apostasia do Norte da África e do mozarabismo entreguista da Espanha * As camáldulas, o imprevisível na história do Grupo

* Em pleno Estrondo da Venezuela, nosso Pai e Senhor faz suas orações percorrendo de automóvel as ruas poluídas de São Paulo, e carregando uma enorme apreensão de poder não estar nas vias da Providência…

Então, quem é que tem uma pergunta para fazer? Estou vendo meu caro Nelson Fragelli aí com um papelucho. Então? Força!

(Sr. Nelson Fragelli: […] Antes gostaria de dizer que, conversando com outros, gostamos enormemente da Reunião de Recortes, foi um retorno a paragens antigamente percorridas.)

Alegra-me muito ouvir isso, porque, realmente, é uma coisa para a qual é preciso a atenção posta, sobretudo nos dias para onde vamos entrando.

(Sr. Nelson Fragelli: […] Como esse Estrondo acarreta para o senhor inúmeros sofrimentos — eu não conheço as Escrituras —, mas quando os profetas estão especialmente provados há uma comunicação com a Providência muito maior. Certamente há esse aumento de comunicação do senhor com a Providência, que o senhor discerne nEla. O que está querendo Ela fazer. Especialmente o que o senhor tenha sentido nessa semana.)

Pode ser que seja meio decepcionante. Como seria uma coisa bonita imaginar, que eu estou rezando e que vem uma graça e que me ilumina todo. Não, não se dá isso.

As minhas orações… o grosso das orações são feitas no automóvel, no meio da zoeira gasolinada e poluída da atmosfera de São Paulo, numas ruas feias e sempre batidas, à procura de igrejas que eu encontro fechadas.

Graças a Nossa Senhora faço esse percurso — não aconselhável do ponto de vista da segurança — na paz, tranqüilo e sempre cotidianamente o mesmo percurso. Todo mundo me vê nessa ocasião, sem nada que possa — nem de longe — favorecer a ideia da visão, de revelação, de êxtase, nem nada. E uma…

Senta, meu Guerreiro, como vai você? Está bom? Resfriado ainda?

(…)

Nossa Senhora o abençoe!

Eu fico na paz, mas na banalidade daquele décor todo, eu faço minhas orações. Volto correndo para o trabalho. A comunhão da tarde, que muita gente vê também, se dá nas condições mais comuns possíveis. E essa é a minha vida de piedade.

Eu procuro — é mesmo a minha interrogação mais aflitiva, ou aflita — é saber se o que eu estou fazendo está nas vias da Providência. A minha maior aflição é o medo de não estar nas vias da Providência. É mesmo o tormento. Se eu soubesse que está tudo feito nas vias da Providência, eu tocava, mas, a gente tem sempre medo, “quem sabe lá…”. E, se bem que eu não seja uma pessoa nem indecisa, nem insegura, eu fico com o olho abertíssimo em cima desse pormenor.

* A insistência do Sr. Dr. Plinio na devoção a São Pedro Armengol — O santo para os dias atuais

Eu insisti tanto em São Pedro Armengol, porque é o santo dos dias presentes. Muitas dificuldades e aflições pelas quais a gente passa, são a la Armengol.

Mesmo no caso da Venezuela, por exemplo, a facilidade com que podem acontecer verdadeiros desastres, é enorme.

Por exemplo: esses deputados que estiveram fazendo a visita lá, eles mandaram uma notificação e compareceram. Podiam ter ido sem notificação, pegavam ali a sede casualmente com 2, ou 3, 4, 5, enjolrazinhos. Seria normal. Os senhores não têm dúvida nenhuma, aprova que eles dão de si nesses acontecimentos, é que eles se sentariam, chamariam os enjolrazinhos e começavam a interrogar.

É claro que não posso pedir de um menino de 15, 16, 17, 18 anos, que responda como um homem de 21, 22, 23, 25, 30 anos.

Então, viriam as notas: “Declarou isso, declarou aquilo té ré ré té té…”.

Fica na dependência de Nossa Senhora permitir ou não permitir. Inteiramente! Assim uma série de outras coisas ficam inteiramente na dependência d’Ela.

E até nós sabermos a coisa como ocorreu, nós não sabemos se não estourou uma bomba que pode prejudicar todas as TFPs in universum orbis. E porque nós ficamos sem saber, ficamos numa aflição que tem que ser uma aflição, porque seria estúpido não afligir-se. Mas uma aflição calma, que procura imitar São Pedro Armengol: calma e tranqüila. E eu espero que os senhores nunca me tenham visto agitado, nem retorcido, nem contorcido. Por quê? Por causa da confiança na Providência.

Às vezes corresponde a essa confiança uma graça sensível. Há uma lufada qualquer interior, que a gente… “não, não tem dúvida”. Mas, às vezes não tem isso e vem, pelo contrário, uma apreensão negra: “Agora, dessa vez, não há jeito”, etc…

Não tem dúvida. E tem que ser assim. E já foi assim por ocasião do Estrondo do Rio Grande do Sul. Todas as tardes durante…

* Os sofrimentos de nosso Fundador durante o Estrondo do Rio Grande do Sul em 1975… — Após o Estrondo, carregando as limitações impostas pelas seqüelas do Desastre, uma paz de alma a la São Pedro Armengol

Quanto tempo funcionou aquela comissão, Dr. Edwaldo?

(Dr. Edwaldo: Três meses.)

Mas não foram três cheios, em certo momento ela parou de funcionar, não é?

(Dr. Edwaldo: Sim. Deu dois meses e meio.)

Então, dois meses e meio, mais ou menos, ela funcionou. Exceto sábado e domingo, que ela não funcionava. Todos os outros dias quando eu saía à tarde, eu sabia pelo horário… Dr. Edwaldo era o nosso representante junto a TFP do Rio Grande do Sul. Quer dizer, a TFP do Rio Grande do Sul e nós somos uma coisa só, mas ele tinha instruções para orientar a TFP do Rio Grande do Sul etc., e acompanhar de nossa parte os interrogatórios etc., que eram numa sala pública.

Eram as coisa mais inesperadas possíveis. Eram convocadas senhoras para depor, que eu não conhecia. Ninguém sabia. Uma senhora dessas o que é que podia declarar?! O Estrondo que poderia resultar disso depois?!

Quando eu chegava, eu comungava, subia, ia tomar meu lanche em cima, ficava a espera do telefonema de Dr. Edwaldo, despachando, mas, sabendo que, dependendo do telefonema dele, podia cair o mundo em cima da nossa cabeça.

Alguém dirá: “Mas se os senhores não tinham nada de mal feito, para que temer!”.

É a calúnia! A mentira! Nós não estamos vendo no caso da Venezuela! A calúnia desavergonhada, imunda, de que nós estaríamos tentando contra a vida do Papa. É a última calúnia que pensei que pudéssemos sofrer na vida, seria uma calúnia infame e imunda dessas.

Depois, a calúnia articulada sem nenhuma demonstração nem tentativa de demonstração, mas “é isso! Está acabado!”.

Podia vir uma coisa dessas e os jornais fariam imediatamente… o senhor sabe bem o que é que os jornais fariam com base nisso…

A tranqüilidade pela qual, terminado o Estrondo, eu que estava praticamente imobilizado, digamos a palavra, praticamente aleijado, entretanto com a saúde perfeita, tendo atravessado normalmente a fogueira… Tanto é que, terminado o Estrondo, nem passou pela cabeça de ninguém o seguinte: fazer um exame médico para ver como eu estava. Nada! A vida continuou. São Pedro Armengol… uma imitação provinciana de São Pedro Armengol.

(Sr. Nelson Fragelli: Ele via Nossa Senhora. Aí a confiança…)

A ficha que eu li não diz que ele via, eu é que supus, eu disse: “Está ali parado vendo”, porque eu supus uma graça especial. Mas não estava dito que ele via.

(Sr. Carlos Antúnez: Ele estava baixo a ação de um milagre sensível.)

É, mas a questão é a seguinte

Para São Pedro Armengol, vamos dizer que ele tivesse obrigação de viver — porque aqui que era o caso: obrigação de viver —, de repente, ele fazia uma imperfeiçãozinha qualquer — um mártir pode ter uma imperfeição antes de cair no martírio —, “agora, será que não vou morrer? Agora está batendo um vento e a corda está me roçando mais pelo pescoço. Será que eu não tive involuntariamente alguma imperfeição e eu em conseqüência dessa imperfeição vou morrer e não cumpro a minha vocação?!”.

Não sei se estou claro?

(Sr. –: Sim!)

Então, é esse o problema.

* “A calma seria uma coisa irracional se não se chamasse confiança”

(Sr. Nelson Fragelli: Com o núcleo da confiança do senhor?)

A promessa de Genazzano. Eu tenho a certeza de que, naquele dia, a imagem de Nossa Senhora de Genazzano me exprimiu isto: que eu tivesse tranqüilidade, porque eu cumpriria minha vocação.

Mas é das tais coisas: há momentos em que isto ajuda a pessoa, e há momentos que fica apenas no raciocínio, mas do pondo de vista das impressões não ajuda. E é preciso manter a calma com as impressões desajudadas. E manter a calma, manter a calma, manter a calma!!

Quer dizer, a calma… a calma seria uma coisa irracional se não se chamasse confiança. Manter a confiança. Essa é a questão.

Pode estar muito sem graça a resposta, mas a realidade é essa, não posso mentir.

* Relíquias que o nosso Fundador leva consigo para confirmar a sua confiança no cumprimento da vocação: Estéfano Belezzine, Sóror Mariana de Jesus Torres e um “tercinho”

(Sr. Nelson Fragelli: O exemplo desse santo contado pelo senhor para nós adquire outro significado…)

Eu estou para fazer um grafonema… eu fui avisado há pouco pelo Sr. Fernando Antúnez, que eu vou ter meia hora de despachinho sobre a Venezuela antes de dormirmos. É preciso. Já fiz os meus cálculos: eu preciso me deitar às três. São uma e meia, eu, às duas e pouco tenho que sair etc., e quero ver se me lembro… está aqui na sala o Sr. Fernando Antúnez?

(Sr. Fernando Antúnez –: Sim.)

Meu filho, você me lembra de passarmos um grafonema ao João Clá sobre São Pedro Armengol, mandar vir a vida de São Pedro Armengol.

Aqui eu tenho uma relíquia a qual eu prezo muito. Talvez tenha sido um dos senhores que me tenha arranjado. Do Bem-aventurado Estéfano Belezzine, foi o grande devoto de Nossa Senhora de Genazzano e está sepultado na basílica de Nossa Senhora de Genazzano, e com certeza foi um homem que praticou a confiança levada aos últimos pontos.

Não há uma relíquia de Genazzano, há estampas representando o quadro que está em Genazzano. Mas uma relíquia do Santo, que é o filho de Nossa Senhora do Bom Concelho, essa relíquia eu prezo muito. Levo comigo. Ele me lembra aquele promessa sem a qual eu teria ficado louco ou teria morrido.

Eu tenho também uma outra relíquia, é da Soror Mariana de Jesus Torres, do Equador, que foi aquela que fez previsões do Cuadernón.

Eu as levo continuamente junto comigo com um tercinho que eu quero muito bem. Ajudam-me a manter a confiança. E assim que a gente vive.

* A desproporção dos filhos do Sr. Dr. Plinio em relação à vocação a que foram chamados

(Sr. N. Fragelli: […] A Revolução no ponto de vista das idéias não enfrenta o senhor, ela está em fuga contínua.)

É, é verdade.

(Sr. N. Fragelli: Depois de tantas derrotas da Revolução, na alta pista não se perguntarão se o senhor não é Elias?)

Não, que eu não sou Elias eles sabem. Elias não podia nascer no século XX de Dr. João Paulo e de Da. Lucilia.

Nosso Senhor disse de São João Batista que era Elias, mas aí é no sentido que ele continuava a obra de Elias, não é que ele fosse Elias.

Eu acho uma desproporção tremenda entre o tamanho de nossa vocação e nós mesmos, porque a nossa vocação é uma coisa tão rara, tão única, tão extraordinária, que eu fico sem saber o que dizer. Mas, de outro lado, que desproporção todos nós temos em relação a essa vocação. É uma coisa espantosa!

Era o caso de dizer, que se essa obra é de proporção — não digo iguais, mas que lembram — as de Elias, os homens que a conduzem absolutamente não estão nessa linha. Nenhum de nós. É um mistério. A Providência em certo momento não nos elevará todos ao grau de santidade que nós desejamos alcançar? É possível. Eles lá o que saberão disso? Eu não sei…

(…)

* A espera do Sr. Dr. Plinio para ver como a Revolução agirá a propósito do Estrondo da Venezuela e, a partir daí, elaborar o seu contra-ataque

(Sr. Nelson Fragelli: […] Continuando esse processo, qual a política que o senhor tem na derrota da Revolução?)

Depende da política que a Revolução tenha conosco. Se ela se atirar sobre nós como uma ferocidade dos venezuelanos, é capaz… a política pode ser uma. Se ela, pelo contrário, for mais ladina e mais mansa, a política pode ser outra.

Eu não tenho nada de previsto, eu estou de olho em cima para ver o que é que eles farão.

(Sr. Nelson Fragelli: Mas não tarda muito, não é?)

Eu acho que as circunstâncias colocam a Revolução numa posição muito… Eu me pergunto o seguinte: se a Revolução encontra saída em qualquer forma que não seja brutalidade. Essa é a questão.

O senhor veja por exemplo, …

(…)

que uma mensagem teria seu papel. Mas é preciso andar como cuidado no seguinte ponto: é que as circunstâncias de momento, por razões que eu não posso expor aqui, não aconselham a uma mensagem. E são minudentes, concretas, de momento, que não aconselham a mensagem. É possível que em determinado momento essa mensagem convenha e que aí a gente a solte inteira.

(Sr. N. Fragelli: Eles custaram a desferir o golpe, porque esse Estrondo de agora o senhor esperava há dois anos atrás.)

Foi.

(Sr. N. Fragelli: Agora, uma campanha de grande porte…)

Eu estou diante deles na seguinte situação: eu percebo que além das armas que eles empregam na Venezuela, há qualquer outra coisa de muito perigoso e muito grande, que eu não sei o que é, e que eles têm guardado para pular em cima. E enquanto eu mais ou menos não entrevir o que é que é isso, eu não me resolvo a dar um golpe assim.

Eu percebo que há qualquer coisa. Não me parece razoável que eles se atirassem numa coisa louca como da Venezuela, se eles não tivessem qualquer coisa atrás de si, que seria talvez uma colaboração do demônio em condições inéditas. Mas que obriga a gente a primeiro ver como é antes de jogar. Porque, conforme seja a aerologia, se eu não escolho bem o momento, essa mensagem pode cair no vácuo. Como caiam no vácuo os nossos comunicados na Venezuela. É uma coisa tremenda.

Agora, eu gasto um dinheirão para tomar uma atitude de cair no vácuo! O senhor me dirá: “Mas, então, por que toma atitude na Venezuela?”. Alguma coisa precisa fazer!

Mas o que é que rompe esse vácuo? Que é que cria esse vácuo? Como navegar dentro desse vácuo?

Enquanto eu não tiver, ou uma necessidade indeclinável de agir, ou um lampejo do que isso é, eu não me movo. É legítimo.

(Sr. Nelson Fragelli: Agora, o senhor responde a primeira pergunta. Não eram visões que pedíamos, mas essa percepções.)

Ah! isso eu noto, eu noto que está para ser empregado qualquer coisa de inteiramente inédito. E noto que esse inteiramente inédito está meio em curso na Venezuela. Meio. E não é muito claro a gente ver o que é. Mas eu chamo a atenção dos senhores para o seguinte…

(…)

* O grupo da Venezuela pode se beneficiar enormemente do Estrondo para aumentar o amor à vocação

(Sr. Carlos Antúnez: […] O senhor comentou na Reunião de Recortes que nesse Estrondo joga um ódio muito grande do lado de lá. Ademais do fator preternatural. O amor maior do lado de cá não romperia com esse demônio?)

É certo. É certo que, se de nossa parte houvesse muito mais correspondência à graça, o impacto lá seria muito menor.

Agora, acho que o grupo de lá, que é um grupo que eu aprecio bem, mas que o senhor conhece melhor do que ninguém, está em vias de constituição de sua fisionomia definitiva e tudo mais. O grupo de lá está sofrendo um tratamento a fogo! Dos mais selvagens e difíceis, e que o beneficia muito. E terminado isso, eu tenho impressão que eles, por alguns aspectos pelo menos, serão outros do que não são agora. Porque o que eles têm passado é também uma coisa do outro mundo! É como eles nunca imaginariam que passariam. Sobretudo isso: [com] esse otimismo borboleteante [que eles têm], nunca pensavam que tivesse que acontecer isso. Nunca, nunca! De repente, caem dentro disso de um momento para o outro, é “bahh! bahh!”. Está acabado. Uma coisa tremenda.

Agora, espero que aí o amor deles aumente.

Espero também que esse tormento todo faça aumentar o nosso amor.

* Nem sempre as perseguições aumentam o amor, às vezes dá-se o contrário — Em meio às perseguições, a apostasia do Norte da África e do mozarabismo entreguista da Espanha

Mas, aí são os pontos delicados: até que ponto as perseguições aumentam mesmo o amor?

Há muitas pessoas que fazem disso uma espécie de coisa automática: perseguiu, o amor aumenta. Não é verdade. Por ocasião do domínio dos romanos, a perseguição aumentava o amor. Quando se tratou da invasão dos maometanos foi o contrário, a perseguição quebrava os caracteres e suprimia o amor. Nós nunca devemos nos esquecer que o Norte da África foi Católico Apostólico Romano como a América Latina, e com a invasão dos maometanos se tornou o que é agora. Quer dizer, estavam pobres e se deixaram devorar pela hiena.

Portanto, a perseguição não traz necessariamente isso. Na própria Espanha, a invasão dos mouros de si trouxe a formação do mozarabismo entreguista. Foi uma ação especial da graça que fez com que em Covadonga começasse uma reação. Mas foi uma coisa especial da graça.

Como será conosco? Eu também não sei. É inteiramente cheia de imprevistos nossa história.

* As camáldulas, o imprevisível na história do Grupo

Os senhores querem uma coisa mais imprevista do que as camáldulas?! Camáldulas, totalmente imprevistas! Entretanto, lá estão! E todo momento eu recebo gemidos do Dr. Luizinho, porque não pode construir mais celas porque não tem dinheiro, que o número de camaldulenses faz estalar a camáldula.

Ainda agora, D. Bertrand estava contando que ele viu a camáldula de Jasna Gora durante o período que eu mandei rezar lá pelo Estrondo da Venezuela, quando esses deputados estavam fazendo lá a visita. Diz que estava uma beleza, foram mais ou menos quatro horas de oração ininterrupta da camáldula inteira. Uns ajoelhados, outros sentados, outros deitados no chão em prece, pedindo a Nossa Senhora que ajudasse a TFP Venezuelana.

É uma coisa diante da qual a gente tem que agradecer a Nossa Senhora.

Então, as múltiplas coisas que saem daí é mais ou menos incontável. Essa é a coisa. Mas são surpresas. Quanta surpresa, quanta surpresa!

Bem, meus caros, uma surpresa é que vai ser necessário, pela Venezuela, aliás, pelos meus filhos e nossos irmãos na Venezuela, vai ser necessário nós interrompermos a nossa conversa. Eu lamento, mas acho que a finalidade é tão boa que devemos oferecer, eu a privação em que eu ficarei, os senhores, o esforço que fizeram de chegar até aqui. Pedir a Nossa Senhora que receba isso pelo caso da Venezuela, ou pelo que mais interessa à causa d’Ela.

E com isso vamos andando! Aos mais velhos eu vou dar a recomendação pessoalmente.

Há momentos, minha Mãe…

Vamos rezar voltados para a imagem de São Luís Maria Grignion de Montfort que está lá.

(…)

a São Pedro Armengol nas provações que possam vir de encontro a nós. Mais que, afastadas essas provações, esmagar quanto antes o adversário na Venezuela. Em todo caso, que Ela queira uni-los cada vez mais a Ela, e que desenvolva o [apostolado] de abordagem.

Aliás, era bom fechar essas janelas, porque acho que entra poluição de toda ordem com a janela aberta.



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