Santo do Dia (Auditório da Santa Sabedoria) – 15/1/1969 – 4ª-feira – p. 2 de 2

Santo do Dia (Auditório da Santa Sabedoria) — 15/1/1969 — 4ª-feira

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O Senhor Doutor Plinio prefere pensar a ler.

É preferível pensar do que ler

* “Prefiro descobrir a ler” * “Leio muito menos do que penso”

Há uma pergunta do Dr... [falta palavra] ...:

Que diferença encontra o senhor entre o “Tratado da Verdadeira Devoção” e o “Segredo de Maria” de São Luis Grignion de Monfort? É esse último apenas um resumo do primeiro, ou contém algo que não tem no “Tratado”?

* “Prefiro descobrir a ler”

A minha resposta é muito humilde. Eu há muitíssimos anos que não leio o “Segredo de Maria”. E quando eu li, eu não tinha começado a refletir sobre ele, e me pareceu um mero resumo. É provável que tenha alguma coisa a mais do que está no “Tratado” a respeito disso. Mas eu não tenho certeza.

Os senhores me dirão: “Mas porque o senhor não vai correndo ler?” É porque eu prefiro descobrir a ler. E eu acho que não adianta muito ler para descobrir. Eu acho que muito mais adianta a gente deduzir, do pouco que sabe, a coisa como é, do que deduzir da leitura. Porque é desses segredos que a gente só descobre vendo coisas que se passam na prática, para depois interpretar o que está escrito. Em certo momento, quando a teoria estiver construída, valerá a pena ler o “Segredo”, para o funcionamento do meu espírito. Outros espíritos, eu sei que não são assim. O meu é assim. Cada um é como é.

Eu me lembro de um dito muito interessante do Foch, eu me lembro de ter comentado esse dito aqui. O Foch falava a respeito do serviço de informação, de espionagem. Então, ele dizia o seguinte: espionagem, espionagem...; se o homem é bom general, ele, pelos movimentos do inimigo, deve perceber o que o inimigo vai fazer; se ele é mau general, não adianta a espionagem contar o que o inimigo vai fazer, porque ele perde a batalha de qualquer jeito. Isso, a meu ver, vale, ao menos para mim, para as coisas doutrinárias também. Há uma hora em que é a hora das informações, mas um excesso de informações antes da hora tolda uma certa construção.

Os senhores dirão: então, suas premissas são com um gás pobre? Eu digo: não. Para aquilo que eu estou construindo, elas bastam. Mas eu não quero um número de premissas superior ao que eu vou raciocinar. Tudo entra no seu momento oportuno.

* “Leio muito menos do que penso”

Não sei se me exprimi claramente, mas não sei se perceberam que, no fundo, aqui entra um libelo contra a erudição excessiva. Já dizia o Monsenhor Pedrosa ­— eu me lembro que o dito foi contado pelo Dr. Paulo; os senhores todos sabem quem foi D. Pedrosa — já dizia ele, com muito acerto na segunda parte: que eu tinha uma tal ou qual inteligência, mas que, em todo caso, eu era bem menos culto do que inteligente. Ele era um homem bem sagaz. Isso é bem verdade. Eu leio muito menos do que penso. Se isso é ser menos culto, realmente, eu sou bem menos culto do que inteligente. Ele era muito menos culto do que eu, porque lia bem menos.

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